sábado, 4 de outubro de 2008

Crítica - Burn After Reading (2008)

Realizado por Joel Coen e Ethan Coen
Com Brad Pitt, George Clooney, John Malkovich, Frances McDormand, Tilda Swinton

Em 2007, os irmãos Coen apresentaram ao mundo “No Country For Old Men”, um western com traços de thriller que surpreendeu a crítica e que rendeu o público à magia cinematográfica dos Coen. Um ano e vários prémios depois, os irmãos cineastas voltam à carga com “Burn After Reading”, uma espécie de comédia negra que se mostra incapaz de alcançar as expectativas criadas em seu redor. Já se sabia que muito dificilmente os Coen conseguiriam apresentar um trabalho que ombreasse directamente com a qualidade de títulos como “No Country For Old Men” ou “Fargo”, no entanto, esperava-se que fossem capazes de criar um filme digno de suceder ao vencedor do principal Óscar da Academia mas infelizmente, “Burn After Reading” não corresponde a essa expectativa, não é que seja um mau filme porque não o é, dentro do género humorístico até é capaz de ser uma das melhores obras do ano, contudo há qualquer coisa que falha, talvez seja por causa do argumento que é demasiado aparvalhado ou talvez seja por culpa da realização que se mostra uns furos abaixo da fasquia qualitativa dos Coen, a verdade é que “Burn After Reading” não consegue entusiasmar os espectadores da mesma forma que os seus antecessores conseguiram.
O argumento de “Burn After Reading” contem um misto de vários géneros cinematográficos, contudo o mais promitente é a comédia, centrada num humor negro praticamente satírico, que realça as excentricidades/clichés do mundo dos espiões ao mesmo tempo que expõem humoristicamente os vários defeitos dos desejos humanos. A história do filme centra-se num valioso CD que contem alguns dos mais importantes segredos da CIA e do governo americano, e que acaba por ir parar às mãos de dois gananciosos funcionários de um ginásio (Brad Pitt e Frances McDormand) que pretendem vender essa informação aos russos, e com isso lucrar milhões de dólares que poderão gastar em operações plásticas, contudo para que o seu plano tenha sucesso terão que fintar as investidas do agente Harry (George Clooney) e do ex-agente Cox (John Malkovich), responsável pela existência do CD. Paralelamente à trama principal, existem histórias secundárias que versam sobre o íntimo pessoal de cada uma das quatro personagens principais do filme. Como já referi, o argumento do filme aposta no humor negro e inteligente, ao longo da obra são várias as situações cómicas que animam a trama principal e secundária, muitos desses momentos humorísticos são bem divertidos e é raro encontrarmos um que procure a piada fácil e sem nexo, contudo um filme não pode ser só feito de piadas, principalmente quando esse filme é realizado pelos Coen. Sinceramente esperava um argumento que apostasse no humor, mas que também se preocupasse em desenvolver um aspecto sério e realista que permitisse que géneros secundários (Thriller, Acção) tomassem subitamente conta da obra e surpreendessem o espectador, um pouco à semelhança do que foi feito em “Fargo” ou “No Country For Old Men”. Infelizmente nada disso foi feito, os subgéneros estão lá mas o argumento está demasiado preso à comédia e a uma história um bocado parva que não faz muito sentido. No fundo estamos perante uma boa comédia que tinha potencial para se expandir por outros caminhos mas que optou por se limitar a praticamente um género.
O elenco do filme está recheado de grandes talentos da representação, entre as caras mais conhecidas estão Brad Pitt e George Clooney, inegavelmente os grandes atractivos do elenco. Ambos apresentam uma performance de qualidade que condiz com o seu real valor artistico, Brad Pitt "foge" do seu ambiente natural ao assumir uma personagem bastante cómica mas que realça a sua versatilidade e talento como actor, já George Clooney interpreta uma personagem bem ao seu estilo e bastante semelhante a algumas que trabalhou no passado. Os outros grandes nomes do elenco, John Malkovich e Tilda Swinton, também tiveram a sorte de poder interpretar personagens que favorecem as suas capacidades de representação e que lhes permitiram arrancar uma boa performance. Frances McDormand, a famosa actriz de “Fargo”, encontra-se no mesmo barco que Brad Pitt, também ela deixou de lado os papéis sérios e dramáticos para assumir um papel cómico e gozão que realça as suas inegáveis qualidades de actriz, afinal de contas estamos a falar de uma veterana da representação que já ganhou um Óscar de Melhor Actriz Principal. “Burn After Reading” é uma boa comédia, recheada de momentos humorísticos de qualidade e interpretada por um elenco amplamente profissional e dedicado. Apesar dos elogios e da visível qualidade da obra, os Coen não conseguiram corresponder às altas expectativas criadas em redor do sucessor de “No Country For Old Men”, esperava-se um trabalho ambicioso, sério e que provocasse espanto e surpresa no espectador mas, infelizmente, “Burn After Reading” não se enquadra em nenhum desses cenários.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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