sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Crítica - Eragon (2006)

Realizado por Stefen Fangmeier
Com Ed Speleers, Jeremy Irons, Sienna Guillory, Robert Carlyle e John Malkovich

“Eragon” tinha tudo para vencer. Não digo que o filme adaptado do romance do jovem Christopher Paolini tivesse material para ser um dos melhores filmes do ano em termos de qualidade. Mas pelo menos, tinha tudo para triunfar nas bilheteiras. Com uma base narrativa sólida, proveniente de um best-seller de qualidade bastante aceitável, e sendo um filme de aventura fantástico que tanto pode apelar aos adultos como aos jovens, esperava-se mais deste “Eragon”. O filme fala-nos de um jovem chamado Eragon, que vive numa tranquila aldeia denominada de Alagaësia com o seu tio e o seu primo. Um dia, Eragon descobre um ovo que mais tarde dá origem a um Dragão e que vai selar o seu destino para sempre. A partir desse dia, Eragon torna-se um Cavaleiro e forma uma ligação de sangue com o Dragão (de seu nome Saphira), transformando-se na única esperança do povo de Alagaësia para derrotar o tirano rei Galbatorix e as suas tropas que dominam todo o reino.
Acima de tudo, penso que “Eragon” sofre do síndroma de Senhor dos Anéis. O que quero dizer com isto é que deste a trilogia fantástica de Peter Jackson, tem surgido uma avalanche enorme de filmes fantásticos que se auto-intitulam como o próximo Senhor dos Anéis. Fardo pesado carregam às costas… E o que se verifica é que a maior parte destes filmes não têm qualidade sequer para serem comparados com a trilogia de Peter Jackson. O romance de Paolini é bom. Não excelente, mas bom. Dessa forma, “Eragon” tinha uma boa base narrativa para se transformar num filme de sucesso. Infelizmente não o consegue e muito por culpa de um argumento defeituoso e más opções de casting. Adaptar um livro de 500 páginas para um filme de 120 minutos não é tarefa fácil. Todos sabemos isso. Um livro e um filme são obras artísticas completamente diferentes: numa podemos perder-nos em várias páginas que descrevem tudo ao pormenor; noutra podemos apenas aproveitar o que é mais relevante para a história e para as personagens que a compõem. Assim sendo, nem tudo o que lemos no livro pode ser transposto para a película.


O problema de “Eragon” é que corta demasiado com o romance, chegando a não ser fiel ao mesmo. De facto, nota-se uma correria desenfreada na estrutura narrativa do filme, o que apenas prejudica o seu equilíbrio. É excessivamente notória a pressa com que os responsáveis do filme abordaram cada cena, tudo com a intenção de não tornar o filme muito longo. Resultado? Temos um filme de 90 minutos sem qualquer credibilidade e coerência. Numa cena temos Eragon a começar a treinar artes mágicas; na cena seguinte ele já destrói pontes completas com um feitiço de fogo. Numa cena Eragon leva uma coça de Brom (o seu mentor interpretado por Jeremy Irons); na cena seguinte já é o velho que fica para trás. Numa cena Eragon conhece Murtagh; na cena seguinte já são melhores amigos. Ao ver o filme apetece dizer apenas uma palavra: calma! Nestas situações acredito sinceramente que é melhor ver um filme de 3 horas e com cabeça, tronco e membros, do que um filme de hora e meia sem qualquer coerência e ligação entre cenas. Peter Jackson não teve qualquer problema em lançar o terceiro tomo da sua trilogia com a duração de 3 horas e meia… Resultado? 11 Oscares da Academia.
As interpretações dos actores estão também muito fraquinhas, aproveitando-se apenas a actuação de Jeremy Irons e talvez Robert Carlyle no papel do terrível Durza (um espectro das sombras). Horrível está Sienna Guillory, que parece aqui estar a fazer o primeiro papel da sua carreira! Algo se terá passado… Nota negativa também para a caracterização geral das personagens com particular destaque para o guarda-roupa de Kym Barrett (responsável pela trilogia “Matrix”). Os fatos são estupidamente futuristas (isto não é o Matrix!), tentando transformar uma suposta idade medieval num desfile de moda! Os adereços parecem também saídos de uma loja dos 300 ou do filme “Conan e os Bárbaros”, não contribuindo em nada para o realismo da película. Enfim, com tantos pontos negativos resta salientar os bons efeitos especiais (o Dragão consegue ser bastante realista), a cena de batalha final e a ligação que se consegue sentir entre Eragon e o Dragão (com voz de Rachel Weisz). Depois deste fiasco penso que os produtores não estão a planear continuar a saga. Quem deve estar chateado é Paolini que viu a sua obra denegrida à mediocridade. Sendo assim, fiquem-se pelos livros de Paolini (que está prestes a lançar o seu tomo final – “Brisingr”) e esqueçam este filme.

Classificação - 2,5 Estrelas Em 5

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