quinta-feira, 31 de julho de 2008

Crítica - Chapter 27 (2007)

Realizado por J.P. Schaefer
Com Mark Lindsay Chapman, Jared Leto, Lindsay Lohan

A 8 de Dezembro de 1980, Mark Chapman disparou cinco vezes contra John Lennon à porta do The Dakota, o apartamento de Nova Iorque que Lennon partilhava com a sua esposa Yoko Ono e o filho Sean. Mas o que levou este homem, aparentemente normal, a assassinar uma lenda da música e ícone do movimento da paz e amor dos anos 60? A resposta é nos dada em “Chapter 27”, um filme que acompanha de perto a vida pessoal de Chapman e os dias que antecederam à sua trágica investida contra John Lennon. “Chapter 27” é mais um filme que narra a história de Mark Chapman e que tenta oferecer uma explicação do seu acto aos milhares de pessoas que ainda hoje não encontram qualquer justificação para o infame acto que tirou a vida a uma das maiores lendas da música do século XX. O filme caracteriza Chapman como um rapaz aparentemente normal mas que se debate no seu interior com graves problemas mentais que o fazem negligenciar a realidade e a razão. Este débil estado mental contribuiu para a sua recatada e tímida personalidade e para o seu descuido na aparência física, contudo só depois de ler o romance "The Catcher in the Rye" é que começa a perder completamente a noção da realidade e decide assassinar o homem que considera responsável pelo fracasso da sua geração. No fundo, “Chapter 27” não nos diz mais que “The Killing of John Lennon” de 2006 ou “The Beatle Fan” de 2002, dois filmes que também abordaram em profundidade o estado mental de Chapman.
O livro “Let Me Take You Down” de Jack Jones serviu de base para o argumento que se foca inteiramente em Chapmam e nas suas relações e ilusões, esta abordagem completamente centrada numa personagem acaba por se tornar excessiva e saturante, os monólogos e devaneios mentais de Chapman começam por ser interessantes mas à medida que o filme avança começam a ser demasiado entediantes. Falta a “Chapter 27” um pouco mais de audácia e drama já que o filme aproxima-se mais de um documentário televisivo do que de uma obra de Hollywood. "Chapter 27" arrasta-se de uma forma sofrida e penosa durante 80 minutos e torna-se inevitavelmente repetitivo para quem já teve a oportunidade de ver filmes e documentários que roçam sobre o mesmo tema, para estas pessoas “Chapter 27” irá inclusivamente parecer mais incompleto e menos abrangente já que não aborda certas dimensões que também ajudam a explicar as atitudes de Chapman. O único ponto francamente positivo da obra é Jared Leto, o irreverente actor dá vida ao homicida Mark Chapman naquele que é um dos seus papéis mais bem conseguidos até à data. Para se aproximar do aspecto físico de Chapman, Leto engordou bastante, deixando a sua imagem de Playboy para adoptar uma forma roliça e pouco cuidada mas não é só no aspecto físico que Leto se aproxima de Chapman, também a personalidade do homicida foi bem interiorizada e captada pelo actor que se mostra convincente e credível ao longo do filme. No elenco tenho também que destacar Lindsay Lohan, uma actriz que sempre considerei medíocre mas que surpreende pela positiva com este seu papel.
Como registo biográfico, “Chapter 27” é uma obra medíocre que não fornece nada de novo ao público, tudo o que é retratado nesta obra foi abordado com mais pormenor e qualidade em outros filmes. Como filme dramático, “Chapter 27” é uma autêntica nulidade porque negligencia uma abordagem profunda das emoções e sentimentos da personagem principal, o que o torna demasiado factual e incapaz de mexer com o público. A sua única mais-valia é a brilhante performance de Jared Leto, no entanto, esta perde-se na falta de imaginação do fraco argumento.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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