quinta-feira, 19 de junho de 2008

Crítica - La Habitación de Fermat (2007)

Realizado por Luis Piedrahita e Rodrigo Sopeña
Com Lluis Homar, Alejo Sauras, Elena Balasteros, Santi Miilián, Frederico Luppi

A comprovação de que todo o número par maior ou igual a 4 é a soma de 2 números primos como conjecturou Goldbach em 1742 não é certamente problema que atormente a maioria dos mortais, é no entanto em seu torno que se constrói a intriga de La Habitación de Fermat. Os actos de abnegação pela Humanidade podem ser puras manifestações de egoísmo, a especulação intelectual levada ao seu extremo pode ser perversa. Neste filme cinco matemáticos vêem as suas vidas cruzarem-se e serem ameaçadas devido à procura dos louros da solução da Conjectura de Goldbach. O mistério reinventa-se permanentemente até ao final graças à criação de algumas personagens de uma espessura muito convincente. Lembro-me, por exemplo, do mais velho dos quatro matemáticos (Hilbert/ Lluis Homar) presos naquela que certamente ficará conhecida como a sala das paredes que mexem insistir em colocar a acentuação correcta nas palavras gatafunhadas no quadro, quando todos procuravam resolver o mais rapidamente possivel os enigmas que lhes chegavam pelo ipod e de cuja solução dependia as suas vidas. É fabuloso como este simples gesto transmite a precisão de um velho matemático, a calma de quem sabe o que vai acontecer a seguir e em última análise a solução do mistério.
Fabuloso é também o espaço concebido, aliás os vários espaços apresentados são extremamente simbólicos. O rio permite a travessia do mundo das verdades incontestadas para o mundo das ideias e o seu regresso, o regresso à vida depois da passagem pela sala claustrofóbica e vermelha como o inferno do encerramento no próprio pensamento ao ponto de se perder a ligação à realidade. La Habitación de Fermat ganhou o Prémio Mèliés de Prata e do Prémio de Melhor Argumento da Secção Oficial de Cinema Fantástico do Fantasporto 2008.

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