sexta-feira, 13 de junho de 2008

Crítica - The Happening (2008)

Realizado por M. Night Shyamalan
Com Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Betty Buckley

“The Happening” é o novo trabalho do realizador M. Night Shyamalan, o criador de obras intrigantes e criativas como “The Sixth Sense” ou “Signs”. No entanto, os últimos dois filmes do realizador,“The Village” e “Lady in The Water”, fracassaram nas bilheteiras e, na opinião geral da crítica e dos fãs do realizador, apresentando uma qualidade substancialmente inferior no argumento e na criação de suspence, um elemento chave na identidade de Shyamalan. Agora surge-nos “The Happening”, um filme do mesmo género que as restantes obras do realizador que prometia voltar a elevar a fasquia de qualidade, no entanto, tal não acontece. O filme apresenta um entretenimento de pouca qualidade com pouca transcendência, o suspense vai diminuindo à medida que o filme se desenvolve dando lugar à previsibilidade e os actores principais também em nada beneficiam a obra, aparecendo muito limitados e apagados.
“The Happening” tem uma premissa algo apocalíptica que se traduziu na perfeição nos espectaculares trailers do filme que foram sendo lançados, nestes foi notória a capacidade que Shyamalan tem em criar uma sensação de intriga, suspense e até medo no espectador, contudo essa sensação acompanha apenas os trailers e os momentos iniciais do filme, perdendo-se de forma incompreensível à medida que o enredo se desenvolve. O filme acompanha os momentos de pânico e ânsia que sucedem o aparecimento de uma neurotoxina na cidade de Nova York e que leva os seus habitantes a suicidarem-se em massa. A misteriosa toxina propaga-se por outras grandes cidades da costa este norte-americana, fazendo inúmeras vítimas. Inicialmente pensa-se que se trata de um ataque terrorista mas rapidamente essa ideia perde consistência, dando lugar a um cenário mais aterrador. O filme centra-se principalmente em quatro personagens o professor Elliot (Mark Wahlberg), a sua mulher Alma (Zooey Deschanel), o seu melhor amigo Julian (John Leguizamo) e a filha deste, Jess (Ashlyn Sanchez). Os quatro conseguem fugir a tempo de um comboio que parou na cidade de Filadélfia antes da epidemia atingir a metrópole, refugiam-se numa zona rural à espera que a epidemia passe e não os afecte.
O argumento é o elemento chave para Shyamalan, é dele que depende o sucesso ou fracasso dos seus filmes, ao contrário de “The Village” ou “Lady in the Water”, o argumento de “The Happening” apresentava grandes potencialidades, derivando de uma ideia original interessante que certamente poderia original um filme com o mesmo nível de “The Sixth Sense”. Contudo, não lhe foi dado a tal mística tão característica das obras do realizador, é certo que no inicio o supense e a intriga são bem trabalhados mas rapidamente esfumam-se dando lugar a um desenvolvimento previsível com diálogos de fraca qualidade recheados de clichés e até de algumas explicações pouco convincentes. A construção das personagens principais apresenta muitas deficiências, algo que surpreende visto que até as obras menos conseguidas de Shyamalan cumpriam razoavelmente neste aspecto. A personagem principal interpretada por Wahlberg não é capaz de induzir drama e intensidade à obra o que por sua vez afecta a construção e desempenho das restantes personagens principais que lhe aparecem fortemente ligadas. Não nos conseguimos ligar a nenhuma das personagens, não nos conseguimos preocupar com elas por muito desespero que enfrentem e se não nos preocupamos não vibramos intensamente com os acontecimentos retratados, entramos portanto num estado de apatia emocional que nos faz ver o filme como uma obra sem espírito e emoção, algo de indiferente que não entretêm nem distrai. O elenco também não ajuda a este cenário, apresenta-nos um trabalho medíocre que não convence e que não ajuda a levantar a qualidade do filme.
Shyamalan é um cineasta que compreende muito bem as técnicas utilizadas pelo Mestre Hitchcock, técnicas essas que lhe serviram de inspiração para criar técnicas próprias mais inovadoras e criativas que utilizou em todos os seus filmes, logo não é de estranhar que o ambiente do filme resulte de uma espécie de mistura entre “The Birds” e “Signs”, contudo com menos qualidade do que a destas obras. Esta complexa mistura tinha tudo para resultar na perfeição, no entanto, fracassou devido ao ridículo e exagero de algumas partes do guião. Mais uma falha incompreensível de um realizador que no passado se mostrou tão atento e preocupado com sensação de credibilidade que a história deveria ter perante o público. Se tivesse resultado na perfeição, não duvido que “The Happening” seria um dos filmes de 2008, infelizmente a obra aparece muito longe da perfeição, completamente distante da qualidade das obras anteriores do cineasta. Pouco intrigante, demasiado artificial e pouco credível não consegue transmitir o medo/ânsia esperada ao espectador. A mensagem ambientalista, apesar de ser muito menos credível do que a de filmes como “The Day After Tomorrow” não deixa de ser interessante, infelizmente é preciso muito mais que uma boa ideia original para fazer um bom filme.

Classificação - 2 Estrelas Em 5

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