quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Crítica - In The Valley of Elah (2007)

Realizado por Paul Haggis
Com Tommy Lee Jones, Charlize Theron, Susan Sarandon, James Franco

"In the Valley of Elah" é o segundo filme realizado pelo guionista Paul Haggis. Não é segredo para ninguém que Haggis é um génio com as palavras, tendo escrito guiões para importantes séries televisivas americanas e grandes êxitos de Hollywood como “Million Dollar Baby”, esse êxito na escrita permitiu-lhe concretizar o seu sonho de realizar o seu próprio filme, “Crash”, o vencedor do Óscar de Melhor Filme de 2005 e um dos filmes mais sobrevalorizados de sempre da história do cinema. Na minha modesta opinião, Haggis é muito melhor guionista do que realizador, no entanto, em “In The Valley of Elah" devo dizer que achei a sua realização muito mais interessante que o argumento. Apesar de ainda estar a milhas de ser um excelente realizador, Haggis melhorou e muito a sua capacidade técnica, infelizmente descorou na sua capacidade de escrita. No filme acompanhamos o veterano de guerra Hank Deerfield (Tommy Lee Jones) e a sua mulher Joan Deerfield (Susan Sarandon) na sua incessante busca pelo seu filho, um soldado recentemente regressado da Guerra no Iraque que desaparece misteriosamente sem deixar rasto. Hank desconfia que algo de muito errado se passou com o seu filho e vai confrontar desde civis até altas patentes do exército para descobrir o que realmente lhe aconteceu. Hank terá a preciosa ajuda da Tenente Emily Sanders, a detective da polícia responsável pela investigação.
"In the Valley of Elah" tem coisas boas e coisas más. O melhor está ao nível das interpretações. A actuação de Tommy Lee Jones é incrível sendo provavelmente uma das melhores da sua longa e ilustre carreira. O actor transmite-nos a perfeição e a rigidez de uma figura paterna, moldada e criada pelo rigor e precisão do exército mas que subitamente se vê destroçado e perdido pelo desaparecimento/morte do seu filho mas que irá fazer de tudo para se recompor e encontrar os culpados da morte do seu ente mais querido. As suas expressões e capacidade verbal são notáveis. Charlize Theron interpreta a outra personagem principal da história, a companheira de investigação de Hank Deerfield. Theron mantém o nível das suas interpretações passadas, sempre segura e expressiva está muito bem no papel da detective Emily Sanders mas o seu brilhante papel é ofuscado pela grande interpretação de Tommy Lee Jones. Tenho também que destacar as breves aparições de Susan Sarandon que interpreta a mulher de Hank Deerfield, esta veterana do cinema não teve cenas suficientes para brilhar ao mais alto nível mas com as poucas que teve mostrou um pouco do seu real valor. Outra coisa boa que o filme tem é a fotografia com os cenários/paisagens a estarem bem enquadrados no conteúdo do filme.
Um aspecto que achei curioso no filme é que foge de qualquer posicionamento politico, normalmente em todas as obras com a Guerra do Iraque como pano de fundo há sempre uma pequena manifestação do realizador a favor ou contra. Neste caso não me apercebi de nada, é um filme completamente neutro, o que é positivo já que não somos bombardeados com campanhas anti-bush ou pró-guerra mas a neutralidade prejudica e muito o desenrolar da história pelo simples facto de que ao abstrair-se dela fica sem argumentos para explicar vários acontecimentos chave do filme, cabe ao espectador deduzir ou informar-se sobre o assunto? Não me parece, Haggis deveria ter tido mais cuidado nas justificações e nas explicações. O desenrolar do filme é frio e emocionalmente fraco, sinceramente esperava mais de um escritor como Haggis. O argumento é muitas das vezes confuso e contraditório, não parecendo haver uma linha clara de pensamento e havendo várias ideias e problemáticas misturadas que no fim acabam por não ter um tratamento decente. A discriminação laboral da detective Sanders e o estado mental dos soldados que estiveram no Iraque são as duas problemáticas centrais do filme mas que a meu ver não são bem retratadas, uma falha clamorosa no argumento que prejudica todo o filme. "In The Valley of Elah" é apenas mais um thriller de investigações policiais que resulta mal. É um filme desajeitado que mostra o melhor de Haggis na realização e o seu pior na escrita, sinceramente esperava exactamente o oposto. Vale pela grande performance do elenco e pela agradável surpresa da fotografia.
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Classificação - 3 Estrelas Em 5

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