terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Crítica - Charlie Wilson's War (2007)

Realizado por Mike Nichols
Com Julia Roberts, Tom Hanks, Philip Seymour Hoffman

Com um trio maravilhoso de protagonistas (Roberts, Hanks, Hoffman) e um excelente argumento baseado nos factos reais retratados no livro de George Crile, "Charlie Wilson’s War" é uma excelente mistura de drama e comédia que retrata um dos momentos mais importantes da Guerra Fria, a invasão soviética do Afeganistão. Charlie Wilson (Hanks) é um congressista solteiro do Texas cuja personalidade amante da boa vida mascarava uma astuta mente política, um profundo sentido de patriotismo e compaixão pelas vítimas de injustiça. Anda frequentemente acompanhado pela sua amiga de longa data, Joanne Herring (Julia Roberts), uma das mais abastadas mulheres do Texas e fervorosa anti-comunista. Convictos que a resposta americana à invasão do Afeganistão era, na melhor das hipóteses, anémica, moveram montanhas para oferecer aos Mujahideen (os lendários combatentes pela liberdade naquele país) o que mais ninguém podia garantir: fundos seguros e armas para erradicar os agressores soviéticos da sua terra. Neste árduo empreendimento contaram com a ajuda do agente da CIA Gust Avrakotos (PhilipHoffman), um destemido operacional administrativo. Juntos, Charlie, Joanne e Gust viajaram pelo mundo para formar uma improvável aliança entre paquistaneses, israelitas, egípcios, legisladores e uma dançarina de dança do ventre. O seu sucesso foi notável.
Um dos principais destaques deste filme é o seu elenco. Tom Hanks está perfeitamente enquadrado no personagem de Charlie Wilson, combinando a seriedade do seu papel com o humor de algumas das situações/diálogos do filme. Julia Roberts não é nem nunca foi uma actriz mediana, está sempre lá no alto e neste filme volta a fazer um bom papel, dando muito bem a volta a um papel aparentemente difícil e interpretando uma mulher de alta sociedade com princípios que adora participar nos “negócios dos homens”. Se tivesse que destacar a melhor interpretação do filme, escolheria sem sombra de dúvidas Philip S. Hoffman, um dos actores mais talentosos e astutos dos nossos dias. Hoffman sabe escolher bem os seus papéis interpretando-os com alma e coração. Só pelo elenco vale a pena ver este "Charlie Wilson's War" mas este tem outros atractivos. O argumento está muito bem escrito englobando situações dramáticas e humorísticas, uma combinação que resulta muito bem. Tenho apenas uma crítica negativa a apontar ao argumento de Aaron Sorkin. O filme não mostra a outra face da moeda, o lado soviético. Somos sempre bombardeados com a propaganda capitalista americana e nunca nos é dada uma visão clara da situação soviética e do seu regime, tudo que se diz da URSS é mau. O filme é um verdadeiro ataque (talvez merecido) ao comunismo e a uma maligna, perversa e sedenta de poder URSS que contrasta com uma América com valores e ideias fixos e nobres. Mais uma vez, um filme que eleva os padrões e valores americanos a uma escala grandiosa, nada de anormal mas este egocentrismo já satura.
A realização do filme não é má, tem uma ideia muito interessante de misturar cenas normais e actuais com outras da guerra (mesmo filmadas durante a guerra fria) criando uma espécie de documentário-filme. Contudo, a realização torna-se por vezes repetitiva, na minha opinião não foi tomada a melhor direcção possível, talvez outra abordagem mais complexa e não tanto simplista teria resultado melhor. "Charlie Wilson’s War" tem um mau final mas apenas porque é demasiado previsível, um twist final não lhe teria ficado nada mal, contudo é um filme que recomendo porque é agradável de se ver e conta com interpretações de alto nível.

Classificação - 3,5 Estrelas Em 5

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