segunda-feira, 14 de abril de 2008

Debate: [REC]

Porque este filme está a ser unanimemente aceite por todos os colaboradores deste blog e pelo público e porque este filme vai ser alvo de um remake por parte da industria norte-americana, são razões mais que suficientes para conceder a este filme um espaço extra.

Facto: [REC], alvo de um hype algo invejável, traduzido em sucesso um pouco por toda a Europa, pode encontrar em Portugal o seu nicho de mercado, e não tenham duvidas que o encontrará uma vez que o word of mouth encarregará de fazer maravilhas no box-office em Portugal. Mais uma vez o consenso público diverge do consenso crítico, alegando unidimensionalidade de personagens, maniqueísmo e esquematismo de situações, pobre argumento entre outras criticas!

Serão estas mesmas criticas validas? Eu concordo com algumas delas, porém o cinema vive de emoções, principalmente os filmes de terror e nesse sentido, o filme de Jaume Balagueró e Paco Plaza é terrivelmente eficaz.

Se o leitor conseguir,quando estiver no cinema a ver este filme, olhe a seu redor , e sinta a tensão no público. É uma recomendação que faço e verão, o que estou a tentar dizer! Isto é cinema! Pode não ser o objecto intelectualmente mais estimulante porém cumpre o objectivo que foi proposto. Pede-se mais a um filme de terror?

Sem mais demoras, passo ao objecto de debate que é o desagrado deste autor perante a noticia de um remake do mesmo pela industria norte-americana. Mais desagradado ainda fiquei quando vi o trailer do mesmo (Quarantine será o seu titulo, e terá estreia marcada já para Outubro de 2008). Este é muito tendencioso e revelador de partes chave do filme, o que para já é mau e a mim me parece que o remake é completamente desnecessário.

O filme é espanhol, logo europeu, o que significava uma distribuição limitada nos cinemas norte-americanos. Isso significaria digamos uma receita de digamos quando muito de 10 milhões de dolares. Agora imagine-se que existe uma oferta onde é oferecido ao realizador uma verba avultada para a compra dos direitos do filme, com a vantagem de participar no projecto e provavelmente receber uma margem dos lucros.

Seria sinónimo de perda de conceito autoral, mas significaria que o filme estaria disponível num circuito mais amplos, mais publico ou seja mais receitas. Esta visão capitalista do negócio infelizmente pesa sempre mais do que a marca autoral. E porquê? Tudo porque a cultura norte-americana é fechada em si mesma e tenta-se apropriar de tudo o que é original vindo do exterior. Será que a dificuldade em ler legendas é assim tanta?

Um remake não tem que ser necessariamente uma copia do outro, olhe-se para o exemplo de "De tanto bater meu coração parou"! É preciso ser europeu para fazer um bom remake de um filme? Desculpem a minha frontalidade e rudeza de palavras mas odeio a ideia de ter qualquer bom produto europeu a ser estragado e copiado pelas mãos dos norte-americanos!

Como seria isto evitável? Através da criação de uma industria cinematográfica europeia? Pela privatização do cinema europeu? Isso traduzir-se-ia em perda de marca autoral ou da criação de uma nova identidade cinematográfica pronta para competir com Hollywood, Bollywood ou o cinema oriental?

Quero que debatam sobre as vossas expectativas quanto a Quarantine! Se alicia o suficiente para ir ao cinema? Se acham que será superior ao original? Poucos são aqueles que o superam... Deixo isso em aberto para que possa ser discutido e não me alongarei, mais pois noto que estou a dispersar e deixo isso para outros espaços de debate.

Para terminar deixo aqui trailer de Quarantine que, para quem viu o filme possa fazer as comparações!

António Sousa


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